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Carlos Ramos - Outros amar​ã​o o teu caminho

from Sal by Paulo Chagas & World Poetry Club

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lyrics

Como começou pouco importa/primeiro Lisboa/mas já antes Londres/camaratas/
trabalho agrícola/pernas e braços arranhados/cansaço para pouco dinheiro/
mas olhos de liberdade/que maior riqueza podes ter/Fridaybridge/dear fucking england
dias e noites de autocarro/Calais/Dover/matar o corpo por quase nada/
mau tempo no canal/náusea/a ilha não se vê mas sente-se a terra/Paris à chuva/
Ir lá/voltar de lá/abrir os olhos nada mais./depois tudo parou/alguns anos/
Lisboa terra estranha/nenhuns amigos/e os estudos de tapar a boca/
tudo máscara/iniquidades/inquietantes desertos/garrote do ser/afogamento/
toda aquela gente emparedada/mas as noites/sim as noites sim/
Cais do Sodré/viajar/Jamaica Tóquio/Bairro Alto/murros no Gingão/
para aprenderes que nem tudo o que é humano é humano/
a actriz bêbada a cair em cima de ti nos pufs do Frágil/
o jazz do Hot para salvar/e os excessos de tudo/a boca sempre seca/correr para cair/
na vala comum falham os pés/tudo se apaga no abismo escolhido/ as fodas mal dadas
o aplauso dos pequenos amigos/que te diziam ser os maiores/
quem é essa mulher que acordou contigo hoje?/que cheiro é ese/porque te beija ela?
se cada beijo é mais escuridão? /o amor mais vomitado que o vino/
e depois ter de a mandar embora/cuspir tudo de novo/tapar os buracos com a luz que resta
esquecer a besta dentro de ti/esqueceres-te de ti para te salvares/querer voltar atrás
e não poder sair do corpo/voltar à faculdade/e ter cada vez menos ar/menos amigos/
mais excesso/mais solidão/ressacas pavorosas/ressacas de tudo/o terror de não te encontrar
sempre a doer/fazer poemas ali/nos guardanapos dos restaurantes/sangrar ali
e depois oferecê-los a quem quisesse/a mendigar que aparecesses/que reparasses em mim
que me apanhasses do chão/mas onde estavas tu não estava eu/mais um dia
com o peso da sombra dentro dos olhos/insuportável/ a pele dos dedos negra dos cigarros
consumidos até ao osso/levar os poemas que sobravam aos jornais/
e depois mais só outra vez/
mais excesso/ler o livro do Al Berto e chorar páginas/sem dinheiro/nenhum dinheiro/
nem para comer/só/o natal a latas de feijão/no quarto só/Rua de Moçambique/
abrir os olhos para a fome/Anjos/sopa dos pobres/estrela Michelin/nunca te encontrei
mudar de casa/ir para tua casa/a teu convite/mudar de universidade/
trabalhar precariamente/o Chiado a arder/e a cidade cada vez mais fría/
estudar de noite procurando sempre a tua voz para que pudesse falar/
desapertar o nó/as palavras difíceis na garganta/e depois ficar sem teto
não poder pagar a tua hospitalidade/tu sabias/R. Elias Garcia - Venda Nova/
o meu amigo desapareceu-me/faltou-me na necessidade/quando o corpo caiu ao chão
exausto exangüe/gravemente indefeso/com a alma à mostra no sol de Lisboa/sem casa/
sem nada/tudo se quebrou/urgência do hospital/acordar no inferno/nem lá foste/
e sair de lá passados días/perdoar-te/com a cabeça partida/
dorido secas de lágrimas/perdoar-te/não se via o camino/porque não havia camino/
deitar no primeiro banco de jardín a ver se tudo desaparecia de vez/
fechar os olhos até anoitecer/anoitecer com a noite/perdoar-te/
mais hospital/um ano isolado/um ano mais só ainda/drogas fortes/crimes cegos
dias de escuro/não poder dizer nada/não poder sonhar nada/mãos a tremer/
deixar de escrever por não poder/depois mudar de letra/tudo a tremer/
sobraram dois amigos/meus irmãos e o mar/a praia escavada a letras grandes/
o teu nome/nem sabia como/com que destroços
dizê-lo/aceitar o tempo/aceitar o destino/melhor que alguns/amigos mortos/
e desejar estar com eles/como antes/ou como depois/mas com eles/
rapar o cabelo/roupa preta/não compreender o preço das coisas/
justiça que não funciona/amigos mortos/
as palavras todas inúteis/o ar nos pulmões/azedo/terminar o curso para provar
que se pode respirar debaixo de agua/sem botijas de oxigénio/e depois tu/
no Inverno do nosso contentamento/a caminho da Escócia/com botas de Verão/
primeiro Londres/o Rover alugado/cacetadas nos passeios de conduzir ao contrário
até Edimburgo/num só dia de Dezembro/e depois tentar Inverness e conseguir Dunkeld/
neve nocturna tanta luz/camas de hotel com rodas/meu amor/ceia de Natal/
febre alta/bordeux rouge em vez de aspirina/ir à missa da meia noite/
e cantar-te amor/hymns and carols meu amor/na Escócia/Dunkeld meu amor/
Atholl Arms meu Amor/River Tay meu amor/
em Dezembro para fazer sentido e regresar/como se fossemos/como se pudéssemos
de um para o outro ser a luz.


Lyrics by Carlos Ramos

credits

from Sal, released January 22, 2023
Carlos Ramos - spoken word
Paulo Chagas - guitars

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